
Há dias em que acordo
Tão firme quanto posso,
Minha cabeça retilínea,
Meus sóbrios pensamentos
Brancos.
Nesses dias
Não escuto,
Não falo a boa língua,
Ando em seta como anda
Toda a gente.
Pouco sinto os cheiros,
Pouco danço,
Enquanto ando.
Confesso um cansaço
Rasgado e franco.
Porque na maioria das horas,
A senhora de meus pensamentos,
É a tarde indo embora,
Com suas cores desenhadas,
E seus braços imensos.
Na maioria dos dias,
Quando acordo em mim,
Penso naquela água turva,
No verde de folha nova,
No cheiro de Alfazema.
Nos calores que um dia tive,
E de como nada há de passar completamente.
Quando escapo do duro sentido
É que encontro um riso alegre,
Uma brecha, uma reza
E a minha própria mão
Estendida
Me chamando.
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