terça-feira, 3 de março de 2015

BAHIA AZUL

Quando sou esmagada
pela bigorna quente
do real,
minha massa disforme
desce pelo ralo de plástico
do banheiro antigo.

Sigo o destino do esgoto.

Sonho, ainda que com o corpo putrefato,
ser mar.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

A ASSISTENTE DO MAGO



Eu sou aquela que se esconde,
dentro do pote de guardar coisas,
sufocada.
Sou aquela que te espera,
fingindo calma,
tentando ser outra pessoa,
que não a que se entrega, dolorida.
Sou aquela que senta e olha  o céu,
te desenhando em nuvens de pura 
ilusão sabida,  sob o sol do meio dia.
Aquela que insiste em não deixar passar,
essa alegria empacada,
esse vício em sentir o peito vivo. 
A que acorda e reza,
pedindo Deus e querendo o cão.


Sempre, quando chega com seu comboio em festa,
com suas turbinas nesses olhos de mentiras breves,
com essa voz ecoando em meu labirinto. 
Saio do pote como o gênio da lâmpada,
deixando a mágica que traz dentro da cartola,
me tornar um macio coelho de pelúcia.