quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Marias,mulheres,respostas

Sei mulher, do talho que ao fundo se fez. Dos mares que atravessou na roxa busca ávida do que deixou em terra salgada. Vi. Pois sua carne é minha, mulher, seus olhos olharem um ventre em busca do desejo mãe em ter uma vida. Sua. Dentro. Pulso.
No caminho nos encontramos mulher, sem ao menos nos encontrarmos de fato. Feito prece. Feito pedido. Feito esperança. Encontramos-nos no amor e por ele se mata e morre. Por ele se sangra e cura.
Suas lágrimas culparam minh’alma, mas pecados possuem a graça de ninar pesares. O demônio turvo, que erguia em meu dorso, dormiu solto no dia em que chorei ao pé da cruz.
Era sua imagem em rio limpo, santa tez agraciada! Qual minha regalia?Na correnteza envolta em galhos, vi seu rosto em traços bentos, mostrar-me que era mulher, mulher de fato. E as mulheres, assim como eu, nunca tocaram na vida um rosário.
Veja daqui, que de onde jamais saímos, somos as mesmas. Santas, mulheres, não importa por qual alcunha.
Folhas do Tempo, esse sim: Homem, livro,Deus e grama, secaram.
Passado Outono, o inverno fecunda as sementes nascentes.
Primavera anuncia belas cores nas sacadas.
Uma mãe nasceu de dia e a noite não é mais viva.
Depois que frutos rompem auroras, manhãs têm cor de calma em horizontes certos.
Meus frutos, os meninos, em alguma instância também são seus, como são de tanta gente.Como são meus seus pés. Como não querer o amor, se tanto há dele em mim?
Agora, mulher, façamos mais essa prece.
Pais Nossos. Agruras, ternuras, caminhos...
Mãos úmidas, querida, transpiram em suas, para que conseqüências da vida, sejam refeitas em escolha de bom agora.
Ave Marias!
Por bem,
Amém.

Um comentário:

Raiça Bomfim disse...

O que se inicia com um amor e se recria na poesia,
extraindo da distância entre um e outro
tudo o que, d’algum modo, alimenta o pulso,
deve mesmo ter muito de sagrado.
Sacramentado no tempo, nas palavras, nos espelhos,
no ventre...

Obrigada, Camila. Obrigada.