quinta-feira, 24 de maio de 2007

Sobre a morte, sobre meu pai e sobre seu amor em três

Posso ouvir a chave na porta
O tilintar dos talhares no jantar
A língua estalando

A morte tem um brilho próprio
Nela descansa a vida
Um derradeiro suspiro
De um corpo quente.

Ouço roncos nas madrugadas
E sua voz ainda me canta Caymmi

A cozinha com a luz azulada
Dentes mastigando crocancias
A firmeza das suas mãos
Memória de pele

A morte é uma falsa morte
A vida segue por outras vidas
Nas histórias que virão a ser
As memórias dos pequenos
Ao crescerem um tico mais

Meu pai, como parte de mim, permanece
Seus seguimentos de veias são teias em meu corpo

Faço seu nome vivo
No nome do meu filho
É pra ele que vou contar
Sobre nossos amores

Reencontro com teu riso
Em rios de saudade boa...

O grito da perda
Se tornou um silêncio preciso

Na varanda da casa
Adormeceu o homem imenso
De gordo coração
Obesos sonhos

Posso acordá-lo sempre
Quando voltar pra lá
Pro nosso Sítio Três Amores

4 comentários:

Anacardiácea disse...

Que coisa mais linda você... que bom que resolveu lançar ao ventos suas palavras tão bem ligadas e combinadas...
te amo Branca, pra sempre!

Anônimo disse...

Esse poema traz imagens tão lindas...

Anônimo disse...

Que lindo... eu chorei... só você mesmo para sensibilizar com sua palavras um coração formigóide!

Anônimo disse...

to aqui, chorando q nem besta! vi meu tio na minha frente, nega!
lembrei dos "causos" na fazenda, dos "rolos" que queria fazer com meus cavalos, dos cachorros, das paradas com meu pai em todas as barraquinhas de doce, ate chegar na roça... do arfar, da risada, do contraste entre o zen e o bruto, entre a suavidade e a firmeza! pradoxalmente Paulão!! rs.
lembra sempre q vc tem um "tiopapai" p dar todo o apoio q vc e esse grãozinho de luz q chegou precisam, ok?! e uma prima-quase-irma q ama mto vcs!
se cuida!
LIU